domingo, 20 de março de 2011

O PRESIDENTE OBAMA ESTÁ NO BRASIL. " Zé Dirceu"

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Dilma e Obama

Esqueçamos toda trapalhada diplomática que cercou esta sua viagem. E põe trapalhada nisso!  A começar que a exagerada obsessão pela segurança presidencial do chefe de Estado norte-americano quase ofuscou, na prática, o caráter de sua visita, transformando-a num mero gesto de marketing.

Diante dos vai-e-vens da agenda, e da falta de propostas concretas para alavancar nossas relações - apesar do esforço do Itamaraty e do trabalho do embaixador Thomas Shannon - resta-nos agora organizar uma pauta mínima para as conversações hoje e futuras com o presidente Barack Obama.

Esta é uma agenda que tem de ir além dos holofotes, da mídia, dos bastidores, dos assessores de segurança. Tem de ser uma pauta para superar gargalos e entraves para que, só assim, se consiga elevar o patamar de nossas relações, já que elas, decididamente, não correspondem ainda às responsabilidades e potencialidades dos dois países.

Apoio a uma vaga para o Brasil no Conselho da ONU

Em 1º lugar, e acima de nossas divergências políticas - que não são poucas - e do contencioso comercial, se os EUA realmente querem o Brasil como parceiro no Hemisfério Sul precisam reconhecer nosso papel no mundo e apoiar a demanda brasileira pela reforma da ONU e por um lugar permanente no Conselho de Segurança da Organização.

Mas, para o Brasil, realmente, não há nada mais importante que a integração sul-americana. E a base desta é o MERCOSUL. Portanto, para nós é fundamental que a diplomacia comercial dos EUA reconheça e priorize as negociações 4 por 1, via um foro bilateral.

Nesse formato, nós, do bloco econômico do Sul (constituído por Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai), podemos negociar com eles também e, principalmente, o que está paralisado no foro multilateral da Organização Mundial do Comércio (OMC). E impedir, assim, a invasão de nossos mercados industriais pela concorrência chinesa, muitas vezes desleal.

Nada pode ser feito, portanto, sem a retomada das negociações na OMC, onde poderemos reduzir tarifas; ampliar quotas e eliminar barreiras sanitárias e fitossanitárias na área agrícola; estabelecer compromissos de acesso a mercados - bens, serviços e investimentos; regras sobre propriedade intelectual, concorrência; e, ao fim, abordar os temas decisivos para as próximas décadas, como clima, energia e infraestrutura.

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