segunda-feira, 11 de abril de 2011

A juventude e a revolução árabe
Josué Medeiros Image

No dia 17 de dezembro de 2010 um jovem tunisiano optou por um gesto extremo para protestar contra a opressão em seu país. Obviamente que ele não poderia saber que ao por fogo no próprio corpo ele estaria incendiando todo o mundo árabe, que passou a viver um processo de revolta social e política em diversos países do norte da África e do Oriente Médio.

O que se passa na região é uma revolução política, cultural e social cujo desfecho está totalmente em aberto, como é típico de processos como este. Ainda que o pontapé inicial deste processo tenha sido a ação desesperada de um jovem oprimido, é possível identificar um pano de fundo comum em todas estas nações.

Este consiste no contexto econômico atual. Devido à crise econômica internacional, as ditaduras nos países árabes não se mostraram capazes de resolver os problemas básicos dos seus povos. O nível de burocratização e de corrupção desses regimes deixa ainda mais evidente e chocante as situações de inflação alta, desemprego explodindo, escassez de alimentos, etc.

Os jovens são 50% ou mais no Egito, na Líbia, no Bahrein. Em Argélia e Tunísia a proporção de jovens é ainda maior. Não é por acaso que os setores mais atingidos pelas crises econômicas são a juventude, além das mulheres. No Egito, por exemplo, o desemprego na juventude atingia a impressionante cifra de 30%. Em alguns países as mulheres são constrangidas a não procurar emprego. Este bônus demográfico que pode ser tão positivo para uma nação democrática que desenvolve um projeto de desenvolvimento econômico e social tendo seu próprio povo como prioridade acaba sendo explosivo para regimes ditatoriais como os que são a tônica nos países árabes.

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