segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cadê os artistas da Globo?

Mulher kaiowa fiando algodão 
Foto Egon Shaden
 
 
Ataque aos índios kaiowás, no Mato Grosso do Sul, sugerem ação genocida

Execução de cacique e desaparecimentos colocam em risco existência da comunidade; estudantes indígenas publicam protesto

Por Moriti Neto 
Eram 6h30 de sexta-feira passada, 18 de novembro, no acampamento Tekoha Guaiviry, entre os municípios de Amambaí e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, a menos de cem quilômetros da fronteira com o Paraguai. Ali uma comunidade kaiowá guarani foi atacada por um grupo de aproximadamente 40 pistoleiros munidos com armas de grosso calibre.  As descrições do bando apontam um grupo mascarado e com jaquetas escuras que entrou em fila no acampamento e ordenou que os índios deitassem no chão.
O objetivo central do ataque era o assassinato do cacique Nísio Gomes. Segundo relatos da comunidade, ele foi morto com tiros de calibre 12 – na cabeça, no peito, nos braços e nas pernas – e o corpo levado pelos pistoleiros, algo comum em massacres cometidos contra os kaiowá guarani no estado. 
A comunidade conta que o filho de Nísio tentou impedir o assassinato e se atirou sobre um dos pistoleiros. Apanhou muito, mas seguiu tentando salvar o cacique. Os assassinos somente conseguiram contê-lo com um tiro de bala de borracha no peito. E executaram o pai diante de seus olhos. 
Existem denúncias de que mais três jovens teriam sido sequestrados e que também uma mulher e uma criança teriam sido mortas. A informação vem de um grupo de 12 mulheres que conseguiu escapar e chegar até a cidade de Amambaí. Elas contaram que, durante a fuga, viram três jovens serem baleados e caírem ao chão. Não conseguiram afirmar se morreram. Os jovens seriam Jonatas Velásquez, de 14 anos, Mauro Martins, de 15 anos e Jailson Brites, de 16 anos.
Os pistoleiros tinham uma dezena de caminhonetes – marcas Hilux e S-10, nas cores preta, vermelha e verde. De acordo com as testemunhas, foi na caçamba de uma delas que levaram o corpo do líder indígena e os outros sequestrados. 
Depois do ataque, dez indígenas permaneceram no acampamento. O restante fugiu para o mato. A comunidade tem aproximadamente 60 membros. Semanalmente ameaçada por pistoleiros que trabalham para grandes proprietários de terra da região, não é a primeira vez que sofre agressões.
Foi instaurado inquérito pela Polícia Federal. O Ministério Público Federal também está acompanhando de perto as investigações, mas, até o momento, não há nenhuma informação sobre o corpo de Nísio Gomes ou dos índios desaparecidos.

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