O Iporaense Cleides Antônio Amorim de 42 anos, professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT) foi assassinado na madrugada de quinta-feira (5), em Tocantinópolis, cidade na divisa do Tocantins com o Maranhão, a 517 quilômetros de Palmas.
A Polícia Civil do Tocantins acredita que o homicídio teve motivação homofóbica. Segundo o Grupo Ipê Amarelo Pela Livre Orientação Sexual (GIAMA) do Tocantins, o professor foi a 28ª vítima de crime de homofobia em dez anos no Estado.
Pelas informações da Polícia Civil do Tocantins, Cleides Antônio Amorim, coordenador do Curso de Ciências Sociais da UFT, estava em um bar em Tocantinópolis com mais dois amigos. Mais tarde, um homem identificado como Gilberto Afonso de Sousa chegou acompanhado de uma mulher e de dois homens. Ao ver o professor, Sousa, embriagado na versão da polícia, passou a gritar em direção ao professor universitário: “Nessa mesa só tem viado”.
Em depoimento, o acusado Gilberto contou que não conhecia a vítima e que foi agredido por ela e mais dois ou três homens na noite do acontecido quando se preparava para deixar o estabelecimento.
Gilberto disse ainda que no momento dos fatos havia sido muito espancado com chutes e pontapés principalmente na cabeça, o que lhe causou inúmeras escoriações e esquecimento do que aconteceu, pois não se lembrava de muita coisa com exatidão e só ficou sabendo que o professor havia falecido ontem (6), quando resolveu se apresentar as autoridades. Gilberto Afonso concluiu seu interrogatório dizendo que, apesar de não se lembrar de muita coisa, não havia xingado ninguém de viado, pois não era preconceituoso.
Gilberto Afonso de Sousa aguarda a decisão da justiça preso no Presidio da cidade de Tocantinópolis.
O professor Cleides
Cleides Antônio Amorim nasceu em Iporá e durante alguns anos foi trabalhou como atendente na empresa Livrolândia. O mesmo era coordenador do curso de Ciências Sociais da UFT e ministrava aulas nas disciplinas de Antropologia, Introdução à Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais e Sociologia da Educação.
Graduado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Cleides era mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atuava em pesquisas sobre tambor de mina, medicina popular, educação e relações étnicas. A UFT decretou nesta quinta-feira luto oficial de três dias. Seu corpo será enterrado no próximo sábado no cemitério municipal de Aparecida de Goiânia.
A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e GIAMA do Tocantins divulgaram nota de repúdio após o assassinato do professor. A ABA classificou o crime como “covarde” e se manifestou “a favor da lei que criminaliza a homofobia, demanda atuação firme e justa das autoridades”. O GIAMA pediu “justiça exemplar a este crime covarde e torpe”. “São necessárias leis que punam esse tipo de crime. Hoje, se odeia sem motivo e não há lei que coíba isso”, disse o presidente do GIAMA, Renilson Cruz.
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