Tucano confirma envolvimento de Perillo com Cachoeira e gera desconforto no PSDB
O
ex-vereador do PSDB e ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia
Wladimir Henrique Garcez confirmou o envolvimento do governador tucano
de Goiás, Marconi Perillo, com o esquema operado pelo bicheiro Carlos
Cachoeira. O relato ocorreu nesta quinta-feira (24) durante depoimento
do ex-vereador na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que
investiga a relação entre o contraventor e agentes públicos e privados.
O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG),
observou que a Polícia Federal – ao promover a Operação Monte Carlo,
que desbaratou a rede criminosa – identificou que Wladimir Garcez era um
braço importante da organização criminosa para as relações políticas
com o governo de Goiás e com o Cláudio Monteiro, no Distrito Federal.
“São essas as evidências. O depoimento confirmou a relação íntima com o
governador Marconi Perillo”, disse Odair Cunha. Garcez se defendeu de
acusações que lhes são imputadas, mas admitiu o envolvimento tanto com
Cachoeira quanto com a Delta Construtora.
Na
leitura de seu depoimento, Wladimir Garcez admitiu que foi contratado
pela empresa Delta Centro-Oeste para assessorar o diretor da
construtora, Cláudio Abreu, e, por essa função, recebia um salário no
valor de R$ 20 mil reais. Garcez confessou também que assessorava Carlos
Cachoeira e, pelo trabalho, ganhava R$ 5 mil reais. Ele reconheceu que
intermediava o contato de seus contratantes com agentes públicos e
privados, principalmente no estado de Goiás.
Preso
há 86 dias pela operação Monte Carlo da PF, Garcez é considerado como o
principal articulador da organização criminosa de Carlos Cachoeira. Ele
disse que era procurado para “conseguir empregos” para cabos eleitorais
e que, às vezes, “exagerava” ao dizer que tinha “cacife” junto ao
governador goiano, para se valorizar.
Garcez
isentou Carlos Cachoeira da compra de uma casa de R$ 1,4 milhão em nome
de Marconi Perillo. Ele disse que comprou a casa de luxo e, que, para
isso, contou com a colaboração de Cláudio Abreu, que emprestou três
cheques para quitar a compra.
Recentemente
o governador do estado de Goiás, Marconi Perillo, declarou que o
ex-vereador do PSDB Wladimir Garcez foi “intermediador” da compra de uma
casa de luxo em um condomínio na cidade de Goiânia. No depoimento,
Garcez confessa que “comprou” a casa. Para Odair Cunha, essa contradição
reforça a relação entre ambos. “Ele foi portador de R$ 1,4 milhão para
compra de uma casa que seria do governador. Ninguém dá esse valor para
alguém em quem não se confia”, reforçou o relator.
Silêncio
– O depoente também se valeu do direito constitucional de permanecer
calado e não respondeu a nenhum questionamento. No entanto, as perguntas
do relator causaram mal-estar nos membros do PSDB e deixaram o clima
tenso na CPMI.
Os
tucanos acusaram o relator de ser tendencioso por ter direcionado as
perguntas para as relações entre o quarteto
Wladimir-Delta-Cachoeira-Perillo. Tranquilo, Odair Cunha ponderou e
classificou a reação como “justa” e “democrática”.
“É
justo que os deputados do PSDB queiram defender seu governador. Faz
parte do processo democrático. Eles acabaram de reconhecer a minha
postura adequada na condução da CPMI. Ocorre que o depoente é do PSDB e
um braço político da organização criminosa liderada por Carlos
Cachoeira”, justificou Odair Cunha.
O
deputado Paulo Teixeira (PT-SP), titular da CPMI, expressou a mesma
opinião. De acordo com ele, o fato de o depoente ser um “quadro político
do PSDB” e, ao mesmo tempo, “lobista” da Delta Construtora e da
quadrilha do Cachoeira causou desconforto aos parlamentares da oposição.
Teixeira acredita que o depoimento acelera a convocação do governador
de Goiás.
“Toda
ponte política da organização criminosa com o governador de Goiás foi
feita por ele. As perguntas do relator conduziram para essa relação.
Isso incomodou fortemente os deputados do PSDB. Ainda que eles tivessem
muito incomodados avançamos e conseguimos colher assinaturas suficientes
para convocar o Marconi Perillo”, revelou Paulo Teixeira.
Benildes Rodrigues
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