sábado, 26 de maio de 2012

Tucano confirma envolvimento de Perillo com Cachoeira e gera desconforto no PSDB

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O ex-vereador do PSDB e ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia Wladimir Henrique Garcez confirmou o envolvimento do governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, com o esquema operado pelo bicheiro Carlos Cachoeira. O relato ocorreu nesta quinta-feira (24) durante depoimento do ex-vereador na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a relação entre o contraventor e agentes públicos e privados.

O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), observou que a Polícia Federal – ao promover a Operação Monte Carlo, que desbaratou a rede criminosa – identificou que Wladimir Garcez era um braço importante da organização criminosa para as relações políticas com o governo de Goiás e com o Cláudio Monteiro, no Distrito Federal. “São essas as evidências. O depoimento confirmou a relação íntima com o governador Marconi Perillo”, disse Odair Cunha. Garcez se defendeu de acusações que lhes são imputadas, mas admitiu o envolvimento tanto com Cachoeira quanto com a Delta Construtora.
Na leitura de seu depoimento, Wladimir Garcez admitiu que foi contratado pela empresa Delta Centro-Oeste para assessorar o diretor da construtora, Cláudio Abreu, e, por essa função, recebia um salário no valor de R$ 20 mil reais. Garcez confessou também que assessorava Carlos Cachoeira e, pelo trabalho, ganhava R$ 5 mil reais. Ele reconheceu que intermediava o contato de seus contratantes com agentes públicos e privados, principalmente no estado de Goiás.
Preso há 86 dias pela operação Monte Carlo da PF, Garcez é considerado como o principal articulador da organização criminosa de Carlos Cachoeira. Ele disse que era procurado para “conseguir empregos” para cabos eleitorais e que, às vezes, “exagerava” ao dizer que tinha “cacife” junto ao governador goiano, para se valorizar.
Garcez isentou Carlos Cachoeira da compra de uma casa de R$ 1,4 milhão em nome de Marconi Perillo. Ele disse que comprou a casa de luxo e, que, para isso, contou com a colaboração de Cláudio Abreu, que emprestou três cheques para quitar a compra.
Recentemente o governador do estado de Goiás, Marconi Perillo, declarou que o ex-vereador do PSDB Wladimir Garcez foi “intermediador” da compra de uma casa de luxo em um condomínio na cidade de Goiânia. No depoimento, Garcez confessa que “comprou” a casa. Para Odair Cunha, essa contradição reforça a relação entre ambos. “Ele foi portador de R$ 1,4 milhão para compra de uma casa que seria do governador. Ninguém dá esse valor para alguém em quem não se confia”, reforçou o relator.  
Silêncio – O depoente também se valeu do direito constitucional de permanecer calado e não respondeu a nenhum questionamento. No entanto, as perguntas do relator causaram mal-estar nos membros do PSDB e deixaram o clima tenso na CPMI.
Os tucanos acusaram o relator de ser tendencioso por ter direcionado as perguntas para as relações entre o quarteto Wladimir-Delta-Cachoeira-Perillo. Tranquilo, Odair Cunha ponderou e classificou a reação como “justa” e “democrática”.
“É justo que os deputados do PSDB queiram defender seu governador. Faz parte do processo democrático. Eles acabaram de reconhecer a minha postura adequada na condução da CPMI. Ocorre que o depoente é do PSDB e um braço político da organização criminosa liderada por Carlos Cachoeira”, justificou Odair Cunha.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), titular da CPMI, expressou a mesma opinião. De acordo com ele, o fato de o depoente ser um “quadro político do PSDB” e, ao mesmo tempo, “lobista” da Delta Construtora e da quadrilha do Cachoeira causou desconforto aos parlamentares da oposição. Teixeira acredita que o depoimento acelera a convocação do governador de Goiás.
“Toda ponte política da organização criminosa com o governador de Goiás foi feita por ele. As perguntas do relator conduziram para essa relação. Isso incomodou fortemente os deputados do PSDB. Ainda que eles tivessem muito incomodados avançamos e conseguimos colher assinaturas suficientes para convocar o Marconi Perillo”, revelou Paulo Teixeira.
Benildes Rodrigues

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