quinta-feira, 29 de março de 2012

Em despacho, no último dia 22, o juiz substituto na Comarca de São Luís de Montes Belos, Ricardo Teixeira Lemos, deferiu o pedido do delegado de polícia, Vicente Stábile, decretando a prisão preventiva de Cleudiene Ferreira da Silva, que é acusado de provocar um acidente de trânsito que causou a morte de quatro pessoas de uma mesma família.
O fato aconteceu no dia 7 de janeiro, no km. 05 da Rodovia GO-417, entre São Luís e Aurilândia. Cleudiene dirigia um GM Vectra que se chocou frontalmente com o VW Gol que conduzia as vítimas. O mandado de prisão preventiva foi cumprido no final da tarde desta terça-feira, 27. Ainda numa cadeira de rodas, Cleudiene se recupera das lesões em uma das pernas, que sofreu no acidente. 
Na delegacia, Cleudiene, que estava bastante abatido, disse a esta reportagem que não se lembra de nada sobre o acidente. Ele conta ainda que não tem nenhuma lembrança dos momentos que antecederam a tragédia. “Não me lembro de nada daquele dia”, disse ele.
Cleudiene, que parece precisar de auxílio para executar ações mínimas como ir ao banheiro, está recolhido no presídio de São Luís. O advogado, Cláudio Henrique Passos Neves, que faz a defesa de Cleudiene, disse que vai recorrer da decisão e espera por em liberdade o seu cliente o mais rápido possível. “Ele não tem como ficar preso nessas condições”, disse.
Na época, a notícia da tragédia causou grande comoção e parou a cidade de Aurilândia e região. As vítimas pertenciam a uma família tradicional e bastante conhecida no município. O velório coletivo, que aconteceu na Igreja Católica, atraiu uma multidão, entre familiares, amigos e curiosos.

Relembre o fato:
A tragédia aconteceu na noite de sábado, 7, por volta das 20h30, no km 5, da rodovia 417, entre os municípios de São Luís de Montes Belos e Aurilândia. Considerado como um dos mais graves acidentes ocorridos na região, nos últimos anos, este ceifou a vida de quatro pessoas, todas da mesma família. A colisão frontal envolveu os veículos GM Vectra, placas: KCX-2416, de São Luís, e o VW Gol, placas: KDO-8962, de Goiânia. Ambos ficaram destruídos.
Dos cinco ocupantes do VW Gol, três morreram no local. O condutor, Dalvo Teixeira Nunes, 74, Anilta Maria Nunes, 47, e Isadora Nunes Teixeira Lima, de apenas 7 anos (foto ao lado junto com o irmão e um primo. Avô, mãe e filha. A esposa de Dalvo, Coraci Cândido Nunes, 68, e o neto Isaac Nunes Teixeira Lima, de 5 anos, foram socorridos por uma equipe do Samu e encaminhados ao Hospital Municipal de São Luís. Coraci não resistiu aos ferimentos e também veio a óbito momentos depois. O garotinho foi levado para Goiânia. O quadro dele é grave.

De acordo com a equipe da Polícia Militar Rodoviária, comandada pelo Cabo Iran, não há dúvida de que a causa do acidente foi à imprudência. O condutor do GM Vectra, o mecânico Cleudiene Ferreira da Silva, 29, (foto hanilitação), que provocou o acidente ao invadir a contra-mão, conduzia o veículo literalmente embriagado, quando invadiu a pista contrária e chocou-se de frete com o veículo das vítimas. “O cara estava bebendo o dia todo em Aurilândia, todo mundo viu”, conta uma testemunha.


O mecânico, quase foi linchado local por populares, sofreu apenas duas fraturas em uma das pernas. Depois de dar muito trabalho, durante o atendimento médico, no Hospital Municipal, em função do estado de embriaguez, ele foi encaminhado para a capital. Ontem, domingo, 8, Cleudiene foi transferido do Hospital de Urgência de Goiânia (HUGO) para uma unidade particular.
Uma das primeiras pessoas que prestaram assistência ao acidente foi Arnaldo Teixeira, irmão de Dalvo. Por vários minutos ele empenhava na ajuda às vítimas sem saber que se tratava da sua própria família. “Quando vi que era minha família foi um choque”, conta Arnaldo, que também viajava logo atrás do irmão. Ambos vinham de Goiânia, onde, por ironia do destino, participavam do velório de um familiar.

Pelo grande número de vítimas e pelo fato de ser uma família tradicional e bem conhecida na pequena e pacata cidade de Aurilândia, em pouco tempo uma multidão de amigos e familiares chegou ao local para saber como havia acontecido. A Polícia Militar preservou o local até a chegada do IML de Iporá, que por volta de três horas depois recolheu os corpos.

No dia seguinte, por volta de meio dia, foi grande a comoção na chegada à Aurilândia dos quatro caixões com as vítimas dentro. O velório coletivo aconteceu na Igreja Matriz Santa Luzia. O caixão da pequena Isadora foi o que mais chamou a atenção. A reação das pessoas e familiares foi de dor e emoção. Não foi fácil segurar as lágrimas. A cidade parou para se despedir da família morta de forma tão violenta. O sepultamento aconteceu no Cemitério Municipal, no final do dia.


A população ficou em estado de choque e revoltada pelo fato de a tragédia ter sido provocada por um cidadão embriagado. Para alguns uma tragédia que poderia ter sido evitada pela polícia, uma vez que Cleudiene foi visto bebendo e fazendo manobras arriscadas pelas ruas de Aurilândia durante aquele dia. “A polícia foi chamada e não prendeu o cara. Isso é revoltante”, lamenta um familiar.


Esta reportagem apurou que a Polícia Militar realmente foi comunicada que o mecânico estaria ingerindo bebida alcoólica e em seguida conduzindo o seu veículo visivelmente embriagado. De acordo com o comandante da Polícia Militar, Major Eldecírio, realmente a PM foi acionada. Porém, não logrou êxito na prisão do suspeito. Ele teria se evadido do local antes da chegada da equipe policial. “Uma ocorrência sobre o caso foi lavrada”, conta o Major.


Os familiares das vítimas esperam e cobram que no caso a justiça seja feita. “Só assim para aliviar um pouco a dor tão grande dessa perda. Esse cara, esse irresponsável, tem que pagar pelo que ele fez. E a cadeia é o mínimo que ele merece”, cobra outro familiar. 

Pelo fato de Cleudiene estar embriagado e tomar a direção do veículo, em tese ele teria assumido o risco de provocar a morte de alguém no trânsito. Em casos semelhantes, esse tipo de condutor tem sido indiciado por homicídio doloso (Quando tem a intenção). Nesse caso o indiciado perde várias regalias. Diante da situação, é bem possível que este seja o caminho a ser seguido pelo delegado de polícia, de São Luís, Tiago Junqueira, a depender da conclusão do inquérito.

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