terça-feira, 8 de maio de 2012

Vôo livre no Morro do Macaco: pensando o turismo em Iporá 

Fonte:Diário do interior 

No dia 1º de maio deste ano, o Clube de Vôo Livre, AÇOR, esteve em Iporá para uma reunião de pilotos associados e admiradores locais da prática esportiva de parapente. O grupo veio à cidade para pensar estratégias de ação que possam viabilizar a prática do esporte no município, colocando-o no calendário regional, nacional e internacional do vôo livre para apresentações e competições.

Sem querer ser muito detalhista na descrição do que significou o encontro do grupo, a convivência com as pessoas da cidade e, principalmente, o contato direto com o morro do macaco, tudo pode ser resumido em poucas palavras: “foi fantástica a experiência”.

Entretanto, a proposta de escrever esse pequeno artigo tem a missão de externar um olhar, em verdade, vários olhares sobre a relação: esportes radicais e o turismo em Iporá. Do mesmo modo, possibilitar as condições para que a sociedade iporaense possa compreender melhor como aprimorar suas potencialidades e recursos naturais, humanos, científicos e políticos no sentido de viabilizar projetos de prática de esportes no âmbito do que vem fazendo do Brasil nos últimos dez anos. Acreditar que, em Iporá, possam suas potencialidades ser bem aproveitadas para o desenvolvimento humano e social através da indústria do turismo; para que as pessoas possam ter, não só a finalidade individual de algumas pessoas que ousam acreditar que tudo é possível; permitir que a sociedade possa acreditar na cidade de forma próspera para todos. O turismo na cidade já é uma realidade, o parapente no morro do macaco uma potencialidade; o que precisa são bons projetos de gestão e políticas de desenvolvimento econômico local para todos.




Acreditar que todos possam realizar sonhos, emoções; sentir no corpo a saudável manifestação de adrenalina, como mostrou o exemplo de energia, de esforço, de projeto dos pilotos de parapente do Clube AÇOR. Para viver isso, só subindo o morro, pulando de lá sob velas que se alçam ao céu, colorindo-o; juntos aos urubus de cabeça vermelha, plainando sobre Iporá e embelezando a cidade, os pilotos comprovavam que o morro do macaco é o lugar ideal para a prática do parapente.

Não foi só discurso, foi realidade comprovada e eles comprovaram que sabem o que diz sobre a potencialidade que ali existe. Essa imagem é de alguém que via da base, o desejo de pessoas que, como os gregos faziam na época antiga, pensar como encontrar um caminho que preenchesse o vazio entre a terra e o Olympo; voando na criação dos deuses ícaro ou hermes, com a finalidade de mostrar aos homens da época que voar era possível. Os pilotos do Clube AÇOR sabem bem como mostrar isso ao povo iporaense; foi isso que fomos conferir no feriado em homenagem à classe trabalhadora.


Nesse dia, seguimos o planejamento prévio de segurança e regra, liderado pelos pilotos mais experientes do Clube; organizou-se o rateio do combustível Para abastecimento do veiculo de resgate e começaram o estudo das condições meteorológicas para o voo naquele dia, avaliados detalhadamente no restaurante do Ziquinha, enquanto almoçavam e, às 12h.45min todos saímos em direção ao morro do macaco em duas camionetas. Infelizmente, na cabeceira do morro, uma das camionetes não poderia subir, pois as condições da estrada estavam bem difíceis para ela - não suportaria os solavancos e seria bem arriscado à segurança. Felizmente, a camionete traçada do piloto Luís Otávio se garantia, e pela segunda vez, naquele dia, superava tranquilamente, as condições precárias da estrada. Em cima da camioneta, treze pessoas, onze equipamentos de vôo e só um certeza: voar e plainar como pássaros. Agora uma pergunta que precisa ser respondida refletida:

Por que a cidade de Iporá é considerada pelos pilotos como lugar ideal para o esporte?

Conversando sobre isso.
Essa questão tem uma resposta bem precisa: “a cidade de Iporá tem as melhores condições porque tem o morro do macaco”, dizia-me Sérgio Carlos Ferreira, experiente piloto e instrutor de parapente. Segundo ele, as condições naturais do morro do macaco, sua localização próxima à cidade, mais ou menos a oito quilômetros da malha urbana, facilita não só o acesso, como também o resgate dos pilotos depois do pouso. Mas não só isso. As vantagens são maiores pelas próprias condições de segurança de vôo, pois o morro do macaco, ao contrário de outras cidades no Estado de Goiás e do Brasil, onde a prática de parapente é um atrativo esportivo e turístico.

A perspectiva do Clube Açor é justamente encontrar uma forma mais estruturada em Iporá para a prática do parapente, fazendo com que isso venha estimular o turismo em Iporá.  Possibilitando a geração de renda para cidade e região.


Mais como o vôo livre pode trazer renda para cidade e região?

Segundo Rodrigo Silva de Carvalho administrador local do vôo livre em Iporá   o vôo livre pode trazer diversas rendas para a cidade o pilotos que se deslocam de vários estados e até de outros países que vem praticar o vôo livre em Iporá; gastam com passagem aéreas,  passagem de ônibus e muitos alugam carros para poder se locomover na cidade; gastam com postos de gasolina para abastecer seus veículos, gastam com restaurantes, bares e lanchonetes para fazer suas alimentações, gastam com hotéis para se alojarem - ficando na cidade por vários dias e os custos são bem relevantes para a economia local, pois possibilita a geração de renda e receita fiscal. A turismóloga Maria das Graças M. Paiva, em seu livro Sociologia do Turismo, salienta que uma atividade turística agrega valor a outras atividades de trabalho e renda numa determinada cidade, num determinado local. Em suas palavras, um caminho de entendimento do que pode a prática do esporte de parapente na cidade de Iporá agregar valor de trabalho, renda e receita no município, a exemplo do que acontece em outras cidades, diz Maria das Graças Paiva:

Portanto, não se pode perder de vista..., que o turismo envolve gastos na organização e efetivação de viagens e requer um elenco de serviços – hospedagens, alimentação, transportes, agenciamento, entre outros, que exigem investimentos prévios, reduzidos em comparação ao fluxo de capital produzido e de rápido retorno, gerando efeitos diretos – sobre emprego e renda, multiplicadores – sobre outras atividades econômicas – construção civil, produção e comercialização de produtos alimentícios, rouparia, artesanato, material de construção, decoração e prestação de serviços. O turismo acarreta também efeitos indiretos mediante a ampliação da receita das cidades em que essa atividade econômica distingue-se. (PAIVA, 1995, p. 29).


Agora, imaginemos um campeonato em nível nacional que podemos organizar se houver incentivo para isso. A cidade pode receber, em média, 150 pilotos competindo. Agregando a esse número as pessoas que acompanham como família, apoio logístico e admiradores, isso pode atingir o total de mais de 500 pessoas visitando a cidade, gastando dinheiro na cidade. Tranquilamente esse tipo de evento dura em média 3 a 4 dias colocando tudo isso na ponta da caneta, pode-se logicamente concluir que a prática do vôo livre em Iporá pode ajudar a movimentar a renda da cidade para cifra, aumentando o volume de cifras ($$$$) e isso, devidamente aplicado politicamente, pode reverter a situação de arrecadação do município, gerar renda e qualificar emprego; isso vai melhorar a auto estima da cidade e evitar sempre aqueles comentários negativos na cidade: de que Iporá é bom, mas não tem empregos, o que podemos fazer aqui?, é melhor ir pra Goiânia ou pra Rio Verde, lá pelo menos...; ou do tipo bem pessimista: não adianta nada aqui em Iporá, as coisas continuam sempre do mesmo jeito, não tem emprego pra juventude e os políticos de sempre só ficam reclamando de que o município não tem dinheiro pra melhorar a vida na cidade. Pois bem, de acordo com a proposta do Açor, algo pode surgir à frente, como um passo, um ponto de partida para que a cidade entre de vez no processo de regionalização do turismo. O Brasil, desde o governo Lula e, mais precisamente agora, com a presidente Dilma, vem promovendo grandes investimentos em Turismo, fomentando projetos de desenvolvimento local e regional, (PRODETUR), conforme está no Portal do Ministério do Turismo.




O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Regional do Turismo – PRODETUR tem o objetivo de assegurar o desenvolvimento turístico sustentável e integrado, proporcionar melhorias às condições de vida da população local, aumentar as receitas do setor e melhorar a capacidade de gestão da atividade em áreas de expansão e de potencial turístico. (disponível em<http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/:>. Acesso em 04/05/2012).

Todos os estudos que o Governo Federal vem fazendo, apontam para uma riqueza das municipalidades através do incentivo ao turismo, tendo nesta atividade econômica um caminho viável e sustentável de desenvolvimento local, regional e nacional. Com a copa do mundo e as olimpíadas à frente, o que falta em Iporá é despertar da letargia, do marasmo político; preencher com inteligência o vácuo dos empreendimentos privados e públicos em turismo e apoiar propostas como as da Associação Açor de Vôo Livre e apoiar a prática do vôo livre a partir da base do morro do macaco.




Naquele relevo, os primatas deixaram sua marca, pulando de árvore em árvore indicaram novos horizontes para o morro, indicando seu nome; naquele relevo, os humanos podem olhar novos horizontes e voar, plainando sobre Iporá; naquele relevo, outro horizonte pode ser alçado: o do desenvolvimento do turismo em Iporá e com ele, muitas $$$$ à vista para o povo iporaense. Olhar o horizonte do morro do macaco já não é mais um limite e sim uma conquista, a exemplo do que, no século XVI disse Leonardo da Vinci:

Quando tiveres provado a sensação de voar, andarás na terra com os olhos voltados para o céu, onde esteve e para onde desejarás voltar.

Para o turismo em Iporá, o céu é o limite? A foto abaixo indica que o parapente em Iporá pode ajudar a alçar esse objetivo. A proposta para isso está no evento: Encontro de Parapente de Iporá – Goiás. 2º OPEN DE IPORÁ, dias 27 a 29 de maio de 2012.

Escrito por José Atanásio de Souza Filho e Rodrigo Carvalho da Silva.
Fotos por: Douglas Macgnan.

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